A avaliação inicial: o primeiro passo para o sucesso da terapia

Principalmente durante o primeiro atendimento psicológico, os terapeutas iniciantes se sentem inseguros nervosos por não saber conduzir uma avaliação inicial do cliente. É por isso que preocupações comuns dos alunos de psicologia durante o início dos estágios clínicos envolvem: não saber o que fazer no primeiro atendimento, não saber o que falar para o cliente, não saber os objetivos da avaliação inicial.

A avaliação inicial é o momento em que o psicólogo coleta informações essenciais para compreender a queixa do cliente, sua história de vida e suas expectativas em relação à terapia. Essas informações são a base para a formulação de um diagnóstico preciso e a criação de um plano de tratamento individualizado

Quais são os objetivos da avaliação inicial em TCC?

Na primeira sessão, o terapeuta deve coletar informações para:

• Realizar um diagnóstico preciso: Na primeira sessão, o terapeuta busca coletar informações detalhadas sobre os sintomas, a história de vida e o funcionamento atual do cliente. Essas informações são cruciais para realizar um diagnóstico preciso e identificar os fatores que contribuem para o sofrimento do cliente.

• Completar a conceitualização do caso: A primeira sessão serve como base para a construção de uma compreensão profunda sobre o problema do cliente. O terapeuta irá identificar os pensamentos, emoções e comportamentos do cliente para desenvolver uma hipótese explicativa sobre o que está acontecendo.

• Determinar se é o terapeuta adequado: O primeiro encontro é uma oportunidade para ambos, terapeuta e cliente, avaliarem se a relação terapêutica está sendo estabelecida de forma positiva. O terapeuta poderá verificar se suas habilidades e competências atendem às necessidades do cliente.

• Descobrir se outros tratamentos podem ser importantes: Além da psicoterapia, o terapeuta pode identificar a necessidade de outros tratamentos, como medicação ou acompanhamento médico. A avaliação inicial permite identificar possíveis comorbidades e indicar a necessidade de uma abordagem multidisciplinar.

• Familiarizar o cliente com a TCC: Na primeira sessão, o terapeuta apresenta os princípios básicos da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), explicando como essa abordagem funciona e como pode ajudar o cliente a compreender suas queixas e aprimorar suas habilidades.

Dicas adicionais para conduzir a avaliação inicial

Crie um ambiente acolhedor: O ambiente físico e a postura do terapeuta são fundamentais para que o cliente se sinta à vontade e para a construção de uma relação terapêutica forte.

Utilize uma linguagem clara e acessível: Evite o uso de jargões específicos da psicologia utilizando palavras como “trabalhar”, “conceitualizar” e “distorções cognitivas”, até que o cliente tenha se familiarizado com o modelo cognitivo.

Utilize exemplos do cliente para explicar sobre o modelo cognitivo: Priorize a utilização dos exemplos de vida do próprio cliente. Metáforas ou exemplos que não condizem com os interesses, condições econômicas e culturais do cliente podem causar mais confusão e até mesmo desinteresse.

Utilize instrumentos para avaliação e rastreio de sintomas: O uso de questionários e escalas para mensurar sintomas e queixas dos clientes de modo objetivo e quantitativo é altamente recomendado. Isso contribui para um diagnóstico mais preciso e monitoramento do progresso do cliente.

Seja flexível: Adapte a avaliação às necessidades individuais de cada cliente. Nem sempre será possível cobrir todos os tópicos da sessão ou seguir exatamente o roteiro que você preparou para o primeiro encontro.

Lembre-se:

A avaliação inicial é um momento crucial para o sucesso da terapia cognitivo-comportamental. Ao seguir as etapas e dicas apresentadas neste artigo, você estará mais preparado para conduzir uma avaliação eficaz e construir um plano de tratamento personalizado para cada cliente. Lembre-se que a avaliação pode demandar mais de uma sessão com o cliente, pois uma longa história de vida não pode ser resumida em 50 minutos de psicoterapia.

Referências Bibliográficas

· BECK, J. Terapia Cognitivo-Comportamental: Teoria e Prática. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed, 2022.

· BENNETT-LEVY, J. et al. Experimentando a Terapia Cognitivo-Comportamental de dentro para fora: um manual de autoprática/autorreflexão para terapeutas. Porto Alegre: Artmed, 2023.

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