A estrutura macroscópia do sistema nervoso

Resumo do 7º capítulo do livro de Mark Bear: Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso

7/1/20255 min read

a neon display of a man's head and brain
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Introdução

Você já parou para pensar em tudo o que o seu corpo faz — muitas vezes sem que você perceba? Respirar, se mover, pensar, sentir, lembrar… Tudo isso é coordenado pelo sistema nervoso. Ele é um dos sistemas mais complexos do corpo humano e, curiosamente, segue um plano básico que também está presente em outros mamíferos. Neste resumo, vamos explorar como o sistema nervoso central (SNC) está organizado, como ele se desenvolve ao longo da vida e como conseguimos estudá-lo com as ferramentas da neurociência moderna.

1. Subdivisão do Sistema Nervoso

Para entender melhor o sistema nervoso, vale imaginar que ele funciona em dois grandes blocos: o sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é como o centro de comando — formado pelo encéfalo (com seus diferentes “setores”: telencéfalo, diencéfalo, tronco encefálico e cerebelo) e pela medula espinhal. Eles ficam bem protegidos dentro do crânio e da coluna vertebral. Já o SNP é responsável por levar informações do corpo até esse centro de comando e vice-versa. Ele inclui os nervos cranianos e espinhais, além dos gânglios.

Subdividimos o sistema nervoso da seguinte maneira:

Sistema Nervoso Central (SNC)

  • Encéfalo (telencéfalo, diencéfalo, tronco encefálico e cerebelo)

  • Medula espinhal

Sistema Nervoso Periférico (SNP)

  • SNP Somático

  • SNP Autônomo (simpático, parassimpático e entérico)

2. Funções Gerais das Estruturas do SNC

Cada parte do SNC tem seu papel bem definido — e, juntas, essas estruturas mantêm o corpo funcionando em harmonia:

  • O telencéfalo abriga o córtex cerebral, onde ocorrem os pensamentos, a linguagem, a memória e os movimentos voluntários.

  • Logo abaixo, o diencéfalo traz o tálamo (uma espécie de “central de triagem” sensorial) e o hipotálamo, que ajuda a manter o equilíbrio do corpo por meio da regulação hormonal.

  • O tronco encefálico, que inclui mesencéfalo, ponte e bulbo, cuida de funções automáticas, como respirar e manter o coração batendo.

  • O cerebelo, por sua vez, entra em cena quando precisamos de equilíbrio, coordenação e aprendizado motor. E a medula espinhal funciona como uma “via expressa” que liga o cérebro ao resto do corpo e também é responsável por reflexos automáticos.

3. Meninges, Sistema Ventricular e Nervos Cranianos

As meninges

Como o cérebro e a medula são estruturas delicadas e vitais, o corpo criou uma camada extra de proteção: as meninges. Elas formam três camadas:

  • dura-máter: mais externa e resistente

  • aracnoide: com espaço cheio de líquido protetor, o líquido cerebrospinal (LCS)

  • pia-máter: bem interna e aderida ao tecido nervoso

O sistema ventricular

Além disso, o cérebro tem um sistema interno de “reservatórios” — os ventrículos — onde circula o líquido cerebrospinal, que amortece impactos e ajuda a manter o ambiente químico equilibrado.

Os nervos cranianos

Outra parte importante são os nervos cranianos: ao todo, temos 12 pares que saem diretamente do encéfalo e cuidam das funções sensoriais e motoras da cabeça, como enxergar, ouvir, saborear, engolir e até expressar emoções com o rosto.

4. Neurulação

Toda essa complexidade começa de maneira bastante simples no embrião, por um processo chamado neurulação. Ele marca o início da formação do sistema nervoso. Primeiro surge uma estrutura chamada placa neural, que se dobra e se fecha, formando o tubo neural — a “espinha dorsal” de todo o sistema nervoso. Algumas células migram das bordas dessa placa (as cristas neurais) para dar origem a outras estruturas, como os componentes do SNP. Esse processo é crucial: se algo dá errado, podem surgir problemas sérios, como a espinha bífida ou outras mal-formações.

Referência:

BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. 4ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.

Conclusão

Compreender a estrutura é fundamental para estudar o funcionamento do sistema nervoso e os mecanismos que sustentam nossas percepções, emoções, comportamentos e aprendizados. Vimos que, a partir de uma organização bem definida entre o sistema nervoso central e periférico, e de um processo embrionário altamente coordenado, o cérebro humano se desenvolve com complexidade e especialização impressionantes. O avanço das técnicas de imagem tem cada vez mais contribuído para a melhor visualização e entendimento do desenvolvimento do sistema nervoso.

5. Desenvolvimento Embrionário do SNC

Depois da neurulação, o tubo neural começa a se transformar e se expandir, dando origem às principais regiões do cérebro. Primeiro, ele se divide em três partes chamadas vesículas primárias e mais adiante, essas três se subdividem em cinco vesículas secundárias, que vão dar origem a todas as estruturas do SNC, como os hemisférios cerebrais, o tálamo, o mesencéfalo adulto, a ponte, o cerebelo e o bulbo.

  • Três vesículas embrionárias primárias: prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo.

  • Cinco vesículas embrionárias: telencéfalo, diencéfalo, mesencéfalo, metencéfalo e mielencéfalo.

O mais interessante é que, mesmo com todo o crescimento e dobramento do cérebro humano, a estrutura básica permanece — o que nos permite estudar a origem embrionária de cada parte do sistema nervoso.

6. Técnicas de Exame por Imagem

Hoje em dia, não é mais preciso abrir o crânio para ver o que está acontecendo no cérebro. Graças aos avanços tecnológicos, temos várias ferramentas que nos permitem "enxergar" o a estrutura e o funcionamento do SNC de forma segura e precisa. Veja algumas das principais técnicas:

  • TC (Tomografia Computadorizada): usa raios-X para criar imagens rápidas e úteis, por exemplo, em emergências.

  • IRM (Imagem por Ressonância Magnética): oferece imagens detalhadas dos tecidos, com alta resolução

  • IRMf (IRM funcional): através do fluxo sanguíneo, mostra quais áreas do cérebro estão ativas durante uma tarefa.

  • TEP (Tomografia por Emissão de Pósitrons): revela como o cérebro consome energia.

Que tal revisar esse conteúdo respondendo algumas perguntas?

1) A neurulação envolve a formação do tubo neural a partir da placa neural.

Verdadeiro ou falso?

2) A pia-máter é a meninge mais externa e espessa.

Verdadeiro ou falso?

3) Lucas, 32 anos, sofreu um acidente de carro em alta velocidade. Apesar do impacto severo, os exames de imagem não mostraram lesões estruturais no encéfalo ou hemorragias. Ainda assim, ele relatou dor de cabeça leve e tontura nas primeiras horas após o acidente. O neurologista explicou que esses sintomas leves podem estar relacionados à movimentação brusca do encéfalo dentro da caixa craniana, mesmo sem lesão evidente.

Com base nesse caso, qual das opções descreve corretamente o papel do líquido cerebrospinal (LCS) nessa situação?

A) O LCS impede completamente qualquer movimentação do encéfalo, evitando qualquer sintoma pós-traumático.

B) O LCS atua como isolante térmico do sistema nervoso central, sendo ativado em casos de febre ou infecção.

C) O LCS atua como um amortecedor, ajudando a proteger o encéfalo contra impactos com o crânio em deslocamentos bruscos.

D) O LCS regula os níveis hormonais cerebrais e é epouco relevante para explicar a ausência de traumas físicos em Lucas.

E) O LCS atua no controle da contração muscular e, por isso, explica a tontura sentida por Lucas após o acidente.

4) Quais são as três vesículas embrionárias primárias desenvolvidas após a formação do tubo neural?